sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dilema pelo cinturão: Muñoz diz que já se entendeu com Anderson Silva


Mark Muñoz vive um dilema daqueles. Com quatro vitórias em suas últimas quatro lutas no UFC, ele quer a chance de disputar o título dos pesos-médios (até 84kg). Mas existe um grande problema no meio do caminho. O atual dono do cinturão é Anderson Silva, amigo pessoal e parceiro de treino do americano. Seguindo a filosofia do "Spider", de não enfrentar lutadores de quem é mais próximo, Muñoz se diz na expectativa pelo combate entre o brasileiro e Chael Sonnen, afinal, ele próprio pode ser o próximo rival de quem se sagrar vencedor. Mas, na hora de torcer, a cabeça acaba pensando diferente do coração:

- Se o Sonnen ganhar, vai ser melhor para mim, mas não vou torcer por ele (risos), porque quero que o Anderson vença. Ele é meu amigo e parceiro de treino. É uma situação estranha. Vamos ver o que vai acontecer. Só tenho de esperar.

Em nova entrevista exclusiva ao SporTV.com, por telefone, direto de Los Angeles, o americano de origem filipina esclareceu a polêmica com Anderson, com quem disse já ter se acertado, e culpou a mídia pelo que tratou como um mal-entendido: após vencer Chris Leben, no UFC 138, ele pediu a chance de disputar o título, o que chateou o brasileiro. Muñoz revelou detalhes da conversa que teve com o campeão dos médios, no último fim de semana, após a vitória de Junior Cigano sobre Cain Velásquez:

- Depois que o Junior dos Santos ganhou o título, falei com o Anderson nos bastidores. Estava dando os parabéns ao Junior, e o Anderson chegou. Ele veio e me abraçou, e pensei: "Que isso!". Falei: "Meu amigo, quero falar com você. A mídia está distorcendo tudo". E ele: "Eu sei, eu sei". Eu me senti muito melhor depois disso. Ele fez eu me sentir melhor.

Muñoz disse ainda que considera Sonnen uma "pessoa legal" e comentou suas recentes mensagens em português no Twitter: está aprendendo a língua. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista, da qual ele se despediu com um natural "muito obrigado":

O que você achou da sua performance na última luta, contra o Chris Leben?
- Eu sonhei com essa luta e tracei minha estratégia. Fiquei de frente com ele e tirei vantagem do meu wrestling (luta olímpica), levando-o para baixo. Consegui usar muito bem meu "ground and pound" (levar o oponente para o chão, em posição de domínio, desferindo golpes contra ele).

Você já sabe alguma coisa sobre sua próxima luta? Contra quem vai ser?
- Não sei de nada. O UFC não me chamou ainda para conversar. Acho que eles estão esperando algumas lutas acontecerem.

Sobre o Anderson Silva: primeiro ele disse que era seu amigo e que nunca lutaria com você. Mas depois de vencer o Leben, você disse no microfone que queria o cinturão. O que você realmente pensa sobre isso?
- Considero Anderson um amigo de verdade. Entrei no UFC para ser campeão. Mas eu honro nossa amizade. E ele ainda está lá (como campeão). Então, não o chamarei para a luta, não quero lutar contra ele. Mas se eu continuar ganhando, estarei cada vez mais próximo de lutar pelo título. Eu quero ser campeão. Não sei o que vai acontecer (risos).

Mas você ganhou suas últimas quatro lutas. Não acha que é a sua hora de disputar o cinturão? O UFC anunciou que o Anderson vai lutar com o Chael Sonnen de novo...
- Sim, mas não vou. Se o Sonnen ganhar, vai ser melhor para mim, mas não vou torcer por ele (risos), porque quero que o Anderson vença. Ele é meu amigo e parceiro de treino. É uma situação estranha. Vamos ver o que vai acontecer. Só tenho de esperar.

O que pensa sobre o Chael Sonnen? Você o conhece? Ele já te perturbou alguma vez?
- Conheço Chael Sonnen. Ele é um personagem. Fala muito e sabe como vender uma luta. Ele é muito esperto e inteligente. Já lutamos wrestling na faculdade, e ganhei dele. Nos encontramos sempre e falamos sobre wrestling. Longe das câmeras, ele é uma pessoa legal, mas quando a câmera está ligada, é totalmente diferente.

Você segue a mesma linha de pensamento do Anderson, de não lutar com amigos ou parceiros de treino?
- Sim. Não gosto de lutar contra meus parceiros de treino. É muito difícil. Já tive que fazer isso no wrestling e vi como era difícil.

Após o desafio, você disse no Twitter que não queria desrespeitar o Anderson e queria falar com ele. Já conseguiu?
- Sim, conversamos um pouco. Depois que o Junior dos Santos ganhou o título, falei com o Anderson nos bastidores. Estava dando os parabéns ao Junior, e o Anderson chegou. Ele veio e me abraçou, e pensei: "Que isso!". Falei: "Meu amigo, quero falar com você. A mídia está distorcendo tudo". E ele: "Eu sei, eu sei". Eu me senti muito melhor depois disso. Ele fez eu me sentir melhor.

Você treina na Kings MMA, que tem muitos lutadores brasileiros. Você aprende bastante com o Werdum, o Wanderlei, o Shogun?
- Aprendo com todos eles. E aprendo muito com meu professor, Rafael Cordeiro. Eu ensino aos brasileiros, e eles me ensinam também.

Temos visto recentemente você e o Jake Ellenberger, outro lutador do UFC, falando em português no Twitter. Por que isso? Algo especial?
- Porque temos muitos amigos brasileiros. Jake está aprendendo muito bem. Ele acabou de voltar do Brasil, estava treinando jiu-jítsu no Rio.

Gostaria de vir lutar no Brasil?
- Vou adorar lutar no Brasil. As pessoas são muito verdadeiras, adoraria conhecê-las.

E já ouviu falar das garotas brasileiras?
- Sim, já escutei. Quando for aí, vou me divertir um pouco (risos).

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